Ilha do Ibo

História e património cultural

Ibo é a ilha mais povoada do Parque Nacional das Quirimbas. Sempre foi habitada: em primeiro lugar por africanos bantus que chegaram da África Central. Foi descoberta por comerciantes árabes em 600 d.C. É um dos assentamentos mais antigos de Moçambique.

Em 1492, quase 900 anos após a chegada dos árabes, Vasco da Gama pôs os pés pela primeira vez nas Ilhas Quirimbas. Na altura deste primeiro contacto português, estas ilhas foram chamadas Ilhas Maluane porque a população local desenhava tecidos, de seda e algodão, chamados maluane, um tecido muito procurado no continente.

Após décadas de hostilidades, os portugueses finalmente tomaram o controlo da Ilha do Ibo em 1590. Assim, sete das nove maiores ilhas do arquipélago eram governadas pelos portugueses, e apenas duas permaneceram nas mãos dos comerciantes muçulmanos locais. Os portugueses escolheram a Ilha do Ibo como base para as suas valiosas reservas de água da chuva.

 

Comércio e império

Os portugueses fizeram bom uso das lucrativas rotas comerciais estabelecidas pelos árabes, comerciando tecido de algodão Maluane, marfim, recursos naturais, produtos de palma, gado, alimentos e escravos. A Vila do Ibo tornou-se a capital da região de Cabo Delgado e segunda apenas em importância como posto de comércio à Ilha de Moçambique.

Escravatura

No início do século XVIII, o comércio de escravos na região expandiu-se na medida em que a procura de escravos nas Ilhas Mascarenhas francesas aumentava. A localização estratégica do Ibo foi o ponto de partida de muitos escravos do continente, que chegavam a Ibo a caminho das Mascarenhas da mesma forma que os turistas fazem hoje – em caravanas, pela costa de Moçambique até Quissanga, para partirem de barco até as ilhas.

O comércio de escravos trouxe ao Ibo muita prosperidade. Foram planeadas e dispostas ruas de casas e construídos edifícios públicos à volta da praça. No início do século XIX, o Ibo tornou-se um centro comercial bem estabelecido.

Apesar de ter sido abolido em 1838, o comércio de escravos continuou durante algum tempo no Ibo. Em 1856, quando a ilha tinha uma população de 2.422 habitantes, com 51 cidadãos registados para votar, dois terços da população eram escravos.

A chegada dos britânicos

Em 1897, a Companhia do Niassa tornou-se a administradora do Ibo, e a ilha e a sua população começaram a gozar de relativa paz e segurança. Em 1904, a capital de Cabo Delgado mudou-se do Ibo para Porto Amelia, a actual Cidade de Pemba; uma cidade que oferecia uma baía e um porto

mais profundos. Este foi o início de um lento declínio na importância e economia do Ibo, e o último dos portugueses finalmente deixou a ilha em 1975.

Houve pouco desenvolvimento desde o início do século XIX, criando uma sensação única no Ibo: o tempo parece ter parado.

Criação do Parque Nacional das Quirimbas

Quando o Parque Nacional das Quirimbas foi criado, em 2002, o Ibo levantou-se da sua longa hibernação, abrindo finalmente as suas portas ao turismo. Isto deu um impulso à economia local e permitiu a conservação e restauração do legado histórico do Ibo. Hoje, vestígios do passado da ilha podem ser vividos pelos visitantes através do artesanato tradicional, vida local, belas paisagens e vida selvagem.